Muita coisa aconteceu com a franquia de “Animais Fantásticos” desde o lançamento de sua segunda parte em meados de 2018. Polêmicas com a criadora do universo, problemas com o elenco principal e até coadjuvantes, pandemia e atrasos. Entretanto, apesar dos empecilhos, “Os Segredos de Dumbledore” conseguiu ser lançado oficialmente em abril de 2022 e pode surpreender aqueles que perderam suas esperanças com a saga.
Após o desastre em todos os sentidos com “Os Crimes de Grindelwald“, esse tempo a mais parece ter ajudado a centrar a saga novamente, além da ajuda de Steve Kloves no roteiro, anteriormente escrito apenas por J.K. Rowling. O longa traz um frescor e um senso de aventura bem-vindos à saga novamente que estava precisando há um tempo, além de se portar como um filme mais adulto, mesmo ainda apresentando antigos problemas como excesso de personagens ou tramas.
Um dos principais agentes para que essa melhora seja vista é a adição de Mads Mikkelsen como Gerardo Grindelwald que veio para substituir Johnny Depp após ser afastado da saga devido à crimes o qual foi acusado oficialmente. Do lado dos mocinhos, Jessica Williams é promovida para um papel mais importante enquanto interpreta a professora Eulalie “Lally” Hicks. Contudo, a ausência de Tina Goldstein (Katherine Waterston) é muito sentida.
Mikkelsen chega a saga para elevar o nível de atuação do grande vilão, além de trazer uma química palpável com Jude Law, interprete de Dumbledore, que fora necessário para a aventura acontecer. Muito tempo existindo apenas como uma declaração extraoficial, Dumbledore traz à superfície sua sexualidade e sua busca pelo amor romântico de Grindelwald, sendo um dos principais pilares do enredo dessa nova aventura. Houve de fato um romance entre o professor e o criminoso? Cabe a quem ver interpretar com as opções que o filme traz.
“Quem vai te amar agora?“, questiona um ao outro no clímax do longa.
Além do romance, o longa também tenta trazer uma trama política, que apesar de parecer superficial, pode divertir. E é nessa trama que o Brasil é introduzido através da figura de Vicência Santos, interpretada belamente pela também brasileira, Maria Fernanda Cândido, que infelizmente entra muda e sai calada. É triste notar como o filme poderia ter sido diferente se o Brasil realmente tivesse sido utilizado como parte da trama sem os empecilhos da pandemia. Seria ótimo o contraste de cores, clima e ambientação tropical com a fria e nublada Londres. Infelizmente, tudo foi substituído pelos acontecimentos na Alemanha e todo o clima cinza que trouxe consigo.
Há tempos é notável que animais fantásticos só existe de fato no nome, ficando cada vez menor em contraste com o subtítulo. Contudo, dessa vez temos novamente uma pequena, mas importante participação das criaturas mágicas que se envolvem diretamente com o enredo principal e traz uma beleza mágica importante.
Por outro lado, as batalhas mágicas já não são mais tão impactantes como era antigamente com a saga original. Os feitiços sequer são pronunciados, com raras exceções, e tudo continua parecendo mais do mesmo. Grandes batalhas também são escassas por aqui, mas ainda pode ser divertido acompanhar embates como Dumbledore vs Credence ou Dumbledore vs Grindelwald. O momento mais mágico acaba ficando com a visita a Hogwarts e sua clássica trilha sonora que sempre pegará os fãs na nostalgia.
Atualmente, a continuação do universo mágico está andando na corda bamba, dependendo totalmente do sucesso de “Os Segredos de Dumbledore” com o público. Caso tudo seja encerrado por aqui, não seria uma finalização de toda ruim, apesar de ainda ter coisas a serem resolvidas.