Explicação do final de “Bom Dia, Verônica”, série da Netflix que chegou ao fim em sua terceira temporada
A terceira temporada de “Bom Dia, Verônica” estreou nesta quarta-feira (15) na Netflix e deixou muitos espectadores frustrados com a pequena quantidade de episódios produzidos para o desfecho da série. A indignação, modéstia parte, não é pra menos. Com apenas três novos episódios, a produção brasileira foi encerrada com uma narrativa acelerada e algumas perguntas sem explicação — ou, pelo menos, não tão facéis de serem respondidas.
Por essa razão, contextualizamos a história da última temporada e elaboramos uma explicação do final de “Bom Dia, Verônica“, buscando responder alguns questionamentos que podem surgir entre os espectadores da série, que atualmente figura na primeira posição entre os títulos mais assistidos da Netflix.
Contextualizando
Verônica inicia a temporada dando continuidade à investigação da organização Ordem da Fé. Seu principal objetivo é encontrar Dom, irmão de Brandão e Matias, que parece ser um vilão ainda mais perverso que os outros dois. Durante as investigações, ela conhece Jerônimo, um homem que misteriosamente afirma ter muitas informações a respeito da máfia investigada pela oficial.
A princípio, Verônica questiona a lealdade de Jerônimo, mas logo cede à persuasão do fazendeiro e rapidamente se envolve com ele. Nesse meio tempo, sua filha Lila é sequestrada, e Verônica se dá conta que Matias está por trás do sequestro e o visita na prisão. Ele afirma que a única forma de soltar a vítima é se a ex-escrivã convencer Ângela, filha dele, a visitá-lo na cadeia.
Verônica atende ao pedido do presidiário e, com a ajuda de Jerônimo, leva Ângela até a prisão. Após ser denunciada por Gisele, mãe da garota, Verônica é levada presa por policiais e Jerônimo aproveita a oportunidade para sequestrar Ângela e Clara, revelando o que já parecia óbvio desde a primeira cena da série: ele era, de fato, um vilão. Verônica, então, rapidamente conclui que Jerônimo é Dom, o homem por quem ela estava procurando.
Como tudo começou
Durante décadas, o Monsenhor Davila gerenciou uma rede de orfanatos ilegais. Em um deles, o orfanato Cosme e Damião, morava Diana, uma mulher que serviu como “fábrica de bebês” ao longo de vários anos. Abusada regularmente por Davila, ela tinha seus filhos vendidos para outras pessoas, sem ter a oportunidade de escolher se queria ou não cuidar das crianças. Em um de seus partos, no entanto, Diana deu à luz a Jerônimo, e suplicou para que Davila não vendesse o menino e permitisse que ela o criasse. Ele acatou o pedido e Jerônimo cresceu junto da mãe no Cosme e Damião.
No mesmo orfanato, moravam Brandão e Matias. O primeiro foi abandonado pela mãe quando eles saíram do Maranhão, enquanto o segundo foi parar no local após perder os pais e ficar órfão de fato. Assim como Jerônimo e outras crianças que viviam no orfanato, os dois foram vítimas dos abusos do proprietário. Anos mais tardes, após Davila ser preso pelos crimes cometidos, Brandão e Matias resolveram se vingar e o mataram na prisão.
A história de Diana
Após a prisão e morte de Davila, Diana seguiu com o legado nefasto do criminoso e deu à luz a várias crianças, que seriam vendidas ou leiloadas em uma fazenda de sua propriedade. No entanto, com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais difícil para Diana engravidar, até chegar ao ponto em que ela não conseguia gerar mais nenhuma criança.
Como a própria Diana revela em uma das cenas, ela perdeu a conta de quantas crianças ela havia gerado. Por essa razão, ela pede para que Matias a cure a fim de que ela consiga voltar a engravidar. O fato é que Diana só se sente mulher se tiver gerando uma criança dentro de si, porque ela cresceu fazendo isso e viveu em função desse papel a vida toda.
Em uma cena com Ângela, Diana conta que existia uma “égua perfeita” na fazenda: “Pra não estragar a campeã, a gente nunca engravida dela. A gente colhe o material e aí insemina numa outra égua qualquer como se fosse uma barriga de aluguel. E a campeã segue ali, perfeita”.
Apesar de estar se referindo a uma égua de fato, Diana também está se descrevendo nessa cena. Durante anos, ela foi usada como barriga de aluguel para gerar crianças no orfanato, pois todos os seus filhos saiam “perfeitos” e poderiam gerar um lucro maior para os negócios de Davila, assim como a “égua perfeita” de sua fazenda gerava os filhotes mais saudáveis e lucrativos.
O DNA de Verônica
Em uma das reviravoltas mais surpreendentes do penúltimo episódio, é revelado que Verônica também é filha de Davila e Diana. Décadas atrás, a mãe da policial havia sofrido sucessivos abortos espontâneos. Preocupado com a saúde psicológica da esposa, o pai de Verônica decidiu interceptar uma das crianças que nasceram no orfanato. Ou seja, Verônica descobriu da forma mais dura possível que era filha de um criminoso e irmã de sangue do homem com quem ela havia se relacionado dias atrás.
O propósito de Jerônimo
Como Diana não conseguia gerar mais nenhuma criança, Jerônimo decidiu que uma forma de dar continuidade ao legado da família seria usar Verônica e sua filha Lila como cobaias, já que elas possuíam o mesmo DNA da matriarca. Para continuar gerando o que ele chama de “espécie perfeita”, Jerônimo tinha como pretensão fazer inseminações e modificar características nos genes a fim de impedir que as crianças nascessem com alguma imperfeição.
“É uma nova espécie. Perfeitamente selecionados. Se eu posso usar a ciência pra controlar minha evolução e melhorar o que eu sou, por que não? Agora você é a matriz. Você é perfeita“, diz Jerônimo em uma das cenas do último episódio.
Os três irmãos
Embora tenham sido unidos pela convivência no mesmo ambiente, os três “irmãos” chegaram ao orfanato por diferentes circunstâncias. Brandão foi abandonado pela mãe quando eles saíram do Maranhão, Matias ficou órfão após perder pai e mãe e Jerônimo nasceu e cresceu no próprio orfanato.
Brandão, então, optou por transformar seu trauma em um comportamento perverso, sequestrando e matando mulheres que, assim como sua mãe, saíram do nordeste para outra região do país. Na série de crimes, ele via a oportunidade de se vingar de mulheres que também “abandonaram” suas famílias.
O nome de Matias, por sua vez, é uma referência a um dos discípulos de Jesus, São Matias, que foi escolhido para ocupar o lugar de Judas e possuir o dom da cura. Acreditando fielmente em seu poder, ele continuou ingresso no meio religioso e usou desse suposto dom para praticar contra outras mulheres o mesmo que ele via Davila fazendo com as crianças do orfanato.
Por fim, Jerônimo decidiu continuar o legado iniciado por seu pai e prosseguido por sua mãe. Para isso, ele traficava mulheres, as inseminava e leiloava ou vendia as crianças que posteriormente nasciam.
O final de “Bom Dia, Verônica”
Verônica conseguiu libertar todas as mulheres que estavam presas em estábulos e mobilizou uma rebelião a fim de acabar com os negócios de Jerônimo. Após matar o criminoso e fazer uma colaboração premiada, a ex-escrivã recebeu perdão judicial.
Apesar do pesadelo ter chegado ao fim, Verônica ainda não se deu por satisfeita. Ela se uniu a todas as mulheres que haviam sido vítimas de Jerônimo e, juntas, elas resolveram matar todos os homens que participavam dos leilões promovidos pelo fazendeiro.
As três temporadas de “Bom Dia, Verônica” estão disponíveis na Netflix.