Por que Hector mantinha garotos em seu porão? Entenda o filme “Passei Por Aqui”, da Netflix

Explicação Passei Por Aqui, Netflix.

O filme “Passei Por Aqui“, lançado na Netflix na última quarta-feira (31), rapidamente se popularizou e alcançou neste domingo (3) a terceira posição entre os títulos mais assistidos no serviço de streaming.

A história acompanha Toby e Jay, dois jovens grafiteiros rebeldes que têm como hábito invadir casas de pessoas ricas e da classe dominante no Reino Unido. No entanto, quando Jay descobre que a esposa está grávida, ele abandona a prática, deixando Toby seguir sozinho com o hábito.

Dando continuidade ao projeto secreto, Toby invade a casa de um renomado ex-juiz, Hector Blake, mas se surpreende ao encontrar um homem aprisionado no porão da residência. Certo dia, ele resolve voltar ao local para tentar salvar o prisioneiro, mas ele não esperava que, dessa vez, o juiz estava ciente de que teria sua casa invadida novamente e estaria a postos para flagrar o invasor.

Apesar do enredo do filme não ser nada complexo, uma dúvida parece ter intrigado muitos dos telespectadores de “Passei Por Aqui“: afinal, por que Hector tinha o hábito de sequestrar garotos e mantê-los presos em seu porão?

 

Contextualização e explicação

No começo do filme, Toby invade a casa de Hector e encontra uma série de fotos de um menino. Ele percebe que, em uma das imagens, o garoto está com o olho sangrando, o que o faz entrar em pânico e desperta sua curiosidade em continuar explorando o porão do juiz. Ele acaba descobrindo uma porta vermelha escondida atrás de uma estante e, através do olho mágico da porta, encontra um homem, aprisionado em um quarto secreto.

Após deixar a residência, Toby procura Jay, o amigo que o acompanhava nas invasões às casas de elite antes de descobrir que seria pai, para contá-lo o que viu. Jay recusa a conversa e Toby fica certo de que ele é o único que poderá salvar o homem aprisionado. Ele, então, decide voltar à casa de Hector, mas dessa vez o juíz estava ciente de que sua residência estava sendo invadida. Após um deslize, literalmente, de Toby, Hector consegue pegar o invasor, a quem ele mata e transforma em cinzas, que são despejadas em uma privada.

Com o estresse de toda a situação, Hector procura um clube de massagem e é atendido por Omid, um iraniano. O juiz parece se solidarizar com a história contada pelo imigrante ilegal e o convida para um encontro em sua casa na noite daquele mesmo dia. Ao chegar no local, Omid é drogado e ouve uma história sobre o passado de Hector. O juiz conta que, no passado, seu pai traiu sua mãe com um empregado, que também era imigrante. O adultério resultou no suicídio de sua mãe, que antes da morte havia sido realocada pelo próprio marido para o quarto de hóspedes. Hector foi quem encontrou o corpo da própria mãe.

“Tínhamos um empregado persa. O nome dele era Ravi, um rapaz muito bonito. ELe tinha se mudado pra cá para ganhar dinheiro e para sustentar a família na Índia. Meu pai conheceu ele em uma fábrica e decidiu protegê-lo. Ele o convidou para morar na nossa casa, como um membro da família. Até que o meu pai o convidou para a cama dele. Minha mãe, coitada, foi expulsa para o quarto de hóspedes. Não muito depois, ela tirou a própria vida. Eu fui o menino que a encontrou. Ela estava com os pulsos cortados. Meu pai não me consolou. Na verdade, ele me mandou para um colégio interno. Eu odiei tanto aquele rapaz, pensando que ele substitiu a minha mãe e a mim. Morava na nossa casa, comia a nossa comida, respirava o nosso ar. Aquele mendigo. Eu tentei muito ser gentil com ele, de verdade. Mas eu tinha essa raiva dentro de mim, uma raiva muito difícil de reprimir”, conta Hector.

A revelação deixa claro que Hector é essencialmente um assassino homofóbico e racista. Motivado pela situação que levou à morte de sua mãe, o juiz canalizou um ódio indescritível por imigrantes e gays, por serem essas as características do homem que ocupou o lugar da matriarca no passado. Por essa razão, ele drogou Omid, que também é imigrante e gay, para que pudesse aprisioná-lo no porão assim como o outro homem que já estava lá — há um tempo não detalhado no filme. O longa também não deixa claro quantos homens já foram vítimas de Hector. É possível que o juiz já tenha aprisionado outros imigrantes gays e os matado após um determinado tempo.