Explicação do filme “Viveiro”, novo suspense que chegou à Prime Video

O filme “Viveiro“, que estreou na Prime Video no início de julho, está deixando muitos telespectadores com uma pulga atrás da orelha. Apesar de um enredo simples, o filme torna-se complexo à medida que não fornece explicações muito claras para os acontecimentos perturbadores ao longo da narrativa.

A trama acompanha a história de Gemma e Tom, um casal de namorados que decide avançar na relação e morar juntos. Eles, então, começam a procurar por um imóvel e se deparam com uma proposta animadora de um corretor de imóveis, que diz ter uma casa perfeita em um condomínio com um preço bastante acessível.

Eles visitam o conjunto habitacional e se surpreendem ao verem que todas as casas são exatamente iguais, desde cor à decoração. As expectativas do casal não são correspondidas e eles decidem abandonar o local sem demonstrar muito interesse em comprar a residência. No entanto, ao tentarem deixar o condomínio, eles percebem que estão em um labirinto sem saída e que sempre acabam voltando para o mesmo lugar: a casa de número 9.

O casal fica desesperado sem entender o que é aquele local e quem está os prendendo ali. Não bastasse o caos da situação, tudo fica ainda mais complicado quando Gemma e Tom recebem um bebê em uma caixa, com uma mensagem dizendo que eles sairão do condomínio se cuidarem da criança. As surpresas ficam ainda mais chocantes quando eles percebem, ao passar dos dias, que aquela não é uma criança comum.

Explicação

O filme abre com uma sequência introdutória de passarinhos em um ninho. Na cena, uma espécie de passarinho empurra os filhotes de outra espécie para fora do ninho, para assim receber a alimentação da mãe dos passarinhos alheios, que trata o parasita como se fosse seu filhote. No reino animal, esse parasitismo é feito principalmente entre as espécies cuco e chupim.

Aparentemente sem relação com o filme, a cena logo se mostra reveladora quando o casal protagonista recebe um bebê dentro de uma caixa, com uma mensagem de que eles seriam libertados da prisão no condomínio após cuidarem da criança. Assim como na cena de abertura, o casal estava sendo obrigado a cuidar de um bebê que não era filho deles — e que posteriormente também se revelaria de uma espécie completamente diferente da espécie deles.

Aqui, entramos no mérito de quem está mantendo o casal preso naquela casa. A teoria mais crível aponta para a existência de aliens que, de alguma forma, conseguem manipular a realidade e criar labirintos interdimensionais. A motivação para isso é fazer com que os indivíduos de sua espécie aprendam comportamentos humanos para que, em um futuro próximo, eles dominem a raça humana e, posteriormente, a exterminem. Isso explica o fato da criança estar sempre imitando os pais. Na verdade, ela está tentando aprender comportamentos humanos.

A existência dos aliens explicaria todos os eventos paranormais do filme, como a casa que pegou fogo e depois voltou ao normal, a criança que cresce anos em poucos dias e o próprio condomínio em si, que não parece ter uma saída. Em uma das cenas, a criança aparece com um livro que ela diz ter recebido de uma determinada pessoa. Gemma pede para que o “filho” imite essa pessoa e ele acaba se contorcendo, se transformando numa criatura que não parece existir no mundo real, o que corrobora com a ideia de que ele talvez seja um alien enviado para aprender a se comportar como um humano.

Apesar do filme focar no casal Gemma e Tom, eles não são os únicos presos naquele conjunto habitacional. Em uma das cenas finais do filme, a mulher acaba viajando por outras dimensões e encontrando outros casais que passam pelo mesmo terror. Isso significa que diversos casais enfrentam a mesma situação, em que precisam criar bebês que não são seus filhos, a fim de que eles se adaptem à vida humana e posteriormente se camurflem na população, com o objetivo de dominá-la e, por fim, exterminá-la.

Para desenvolver essa narrativa de que aliens têm como objetivar dominar a raça humana, o filme explora diversas alegorias, sendo a principal delas o sonho americano. No início do longa, apresenta-se o casal que está em busca de um casa própria para que eles finalmente morem juntos. De certa forma, eles acabam sendo contemplados com o cobiçado sonho americano, visto que eles podem viver perfeitamente bem e sem problemas, com tudo o que precisam, pelo preço de não terem liberdade para mais nada além da rotina básica, nem mesmo liberdade de ir e vir.

No entanto, eles passam a odiar a ideia de viver presos em uma rotina e tentam achar outras atividades que ocupem seu tempo. Tom, por exemplo, passa o resto de sua vida cavando o que viria a ser sua própria cova. Aqui, o filme é irônico como nunca: mesmo estando preso no condomínio contra sua própria vontade, o que o mata é algo que ele mesmo escolheu fazer. O personagem é também uma grande representação do que a figura paterna representa numa sociedade conservadora: o ser que sai para trabalhar, chega em casa cansado e não tem tempo de interagir com sua própria família, vivendo nesse ciclo infinito até que envelheça e morra. A mãe, por sua vez, fica em casa dedicando todo seu tempo a cuidar dos filhos.

Diego Toledo, um telespectador do filme, detalhou ainda no Youtube: “O conceito do ciclo também é um tapa na cara. A criança (que no filme representa o fruto de uma gravidez indesejada) repete coisas que os pais dizem, mas é com a sociedade que ela realmente desenvolve uma personalidade. Quando a criança sai de casa e tem contato com o mundo, ela aprende coisas que desafiam a compreensão dos pais, se tornando um alienígena dentro da própria casa. E o legal disso é que o ciclo se fecha perfeitamente quando ele toma o lugar do corretor como a pessoa que vende esse sonho americano para outros casais mesmo tendo tido uma dinâmica familiar tão turbulenta dentro de casa. Isso só mostra que quebrar esse ciclo é muito difícil porque por mais que todos percebam que o sonho americano não funciona, ele ainda é vendido como um SONHO conforme as pessoas crescem e se desenvolvem”.

“Viveiro” está disponível na Prime Video.