Conheça a história do serial killer Charles Cullen que inspirou o filme “O Enfermeiro da Noite”, da Netflix
A Netflix divulgou, nesta quarta-feira (7), o trailer e o pôster oficiais de “O Enfermeiro da Noite“, seu novo filme protagonizado pelos vencedores do Oscar Jessica Chastain e Eddie Redmayne. O longa é baseado em fatos reais e conta a história de Charles Cullen, um enfermeiro condenado à prisão perpétua por assassinar dezenas de pacientes durante 16 anos de atuação em hospitais dos EUA.
A história de Charles
Charles Edmund Cullen nasceu em 1960, Nova Jersey, e era o oitavo e último filho da família Cullen. Seu pai morreu quando ele tinha apenas 7 meses de idade, o que o fez crescer sem uma referência paterna. Em 1969, quando tinha apenas 9 anos, Charles tentou suicídio pela primeira vez ao usar produtos químicos que roubou de um laboratório da escola onde estudava. Ao longo de sua vida, ele tentou suicídio pelo menos outras 20 vezes.
Ele abandonou os estudos em 1977, quando sua mãe morreu em um acidente de carro. Tentando superar a perda, ele se alistou na Marinha dos Estados Unidos, onde ele atuou por cerca de seis anos. Lá, ele tentou se matar sete vezes, o que deixava claro os seus problemas de instabilidade mental.
Sua vida na enfermagem começou apenas em 1987, aos 27 anos de idade, quando ele ingressou na escola de enfermagem Mountainside e conseguiu seu primeiro emprego em um hospital de Nova Jersey. Naquele mesmo ano, ele se casou com Adrienne Taub, com quem teve duas filhas.
As recentes conquistas pareciam indicar que Charles finalmente havia colocado sua vida nos trilhos, no entanto, episódios de instabilidade continuaram acontecendo e se tornaram cada vez mais frequentes, alimentados pelo abuso de drogas e álcool pelo enfermeiro. Uma vez, ele foi encontrado com um par de tesouras preso em sua cabeça, em mais uma tentativa contra a própria vida.
No ano seguinte, enquanto ainda atuava no mesmo hospital, Charles cometeu seu primeiro assassinato. Sua vítima foi John W. Yendo, um juiz que foi internado na sala de emergência após sofrer uma reação alérgica devido a uma droga injetada pelo enfermeiro. Charles chegou a assassinar outras 11 pessoas nesse primeiro emprego, o que só foi descoberto, assim como a morte do juíz, anos depois. Ele só abandonou o emprego em janeiro de 1992, quando a cúpula do hospital começou a investigar quem era o responsável por alterar os sacos de fluidos interavenosos dos pacientes.
A partir daí, Charles começou a ingressar em outros hospitais que não eram rígidos no processo seletivo de seus funcionários. Sempre que ele colecionava novas vítimas e o local começava a investigar as mortes suspeitas, ele abandonada o emprego e ia em busca de um novo hospital onde pudesse atuar.
Em 1993, sua esposa pediu divórcio alegando que era agredida fisicamente pelo marido. As acusações revelaram um Charles diferente do que as pessoas ao seu redor enxergavam no enfermeiro. Após o divórcio, ele mudou-se para um apartamento e tentou desistir de sua vida na enfermagem, mas como precisava pagar pensão alimentícia para suas duas filhas, foi forçado a continuar trabalhando. No entanto, a distância da família só piorou sua condição mental, o levando a tentar cometer suicídio outra vez. Esse último episódio o fez ser internado em uma clínica psiquiátrica por alguns meses, de onde foi liberado naquele mesmo ano.
Nos anos seguintes, ele passou por diversos outros hospitais, por onde ele colecionou mais dezenas de vítimas. A primeira indicação de que Cullen estava matando pacientes veio de um médico legista, em 1998, que examinou o caso de Ottomar Schramm e constatou que ele morreu de overdose de dioxina, uma droga da qual ele não precisava. O legista disse que havia um “anjo da morte” no hospital e os testemunhos de outros funcionários sobre um enfermeiro que entrava sorrateiramente nos quartos de pacientes começaram a ganhar força.
Charles começou a ser exposto, mas ninguém tinha provas concretas contra ele. Até 2001, ele fez novas vítimas e tentou suicídio outras vezes, incluindo uma vez em que ele tentou sufocar-se com a fumaça de um churrasco. Em 2002, no entanto, uma enfermeira de um hospital chamado St. Luke disse que um colega de trabalho estava adotando um comportamento estranho, entrando nos quartos dos pacientes com seringas. A suspeita contra Charles ficou cada vez maior, levando essa e outra enfermeira a vigiarem o colega em segredo. Elas contaram à polícia que, em junho daquele ano, elas encontraram pacotes abertos de uma droga usada para matar dois pacientes e que Charles havia frequentado os quartos das duas vítimas. Ele chegou perto de ser descoberto, mas conseguiu largar o emprego e ser contratado na unidade de terapia intensiva de Somerset Medical Center, três meses depois. Lá, ele matou mais oito pacientes.
O enfermeiro só foi preso em dezembro de 2003, quando as autoridades conseguiram reunir provas suficientes contra ele e prendê-lo pelo assassinato do reverendo Florian Gall. Após a prisão, ele confessou cerca de 40 crimes, mas estimativas de especialistas e investigadores indicam que mais de 300 pacientes foram vítimas de Charles.
Atualmente, o “anjo da morte” está detido na prisão estadual de Nova Jersey, na qual cumpre sentença de prisão perpétua sem o direito de ser elegível para liberdade condicional até 2403.