J.K. Rowling contesta participação de boxeadora nas Olimpíadas e volta a ser acusada de transfobia

J.K. Rowling, autora da saga “Harry Potter“, usou suas redes sociais para repudiar a participação da boxeadora argelina Imane Khelif, que protagonizou uma luta polêmica na manhã desta quinta-feira (1) com a italiana Angela Carini, nas Olimpíadas de Paris.

Apenas 46 segundos após o início da luta, Carini começou a chorar e posteriormente abandonou a competição após receber um soco da adversária. Minutos mais tarde, a italiana conversou com os repórteres e explicou: “Muitas vezes me disseram que eu era uma guerreira, mas preferi parar pela minha saúde. Nunca senti um soco como esse“.

Apesar de ser uma mulher cisgênero, Khelif foi reconhecida como uma “mulher trans” por diversos veículos da mídia. Ela, na verdade, tem uma condição que a define como intersexo, o que a faz apresentar altos níveis de testosterona.

Através do X, antigo Twitter, Rowling se manifestou contra o Comitê Olímpico Internacional (IOC) por autorizar a participação da atleta. A escritora compartilhou uma foto da luta e não poupou críticas à boxeadora.

“Alguma imagem poderia resumir melhor o nosso novo movimento pelos direitos dos homens? O sorriso malicioso de um homem que sabe que está protegido por um ‘establishment’ esportivo misógino, aproveitando a angústia de uma mulher que ele acabou de dar um soco na cabeça e cuja ambição de vida ele acabou de destruir”, escreveu Rowling.

Ela continuou, em outra publicação: “Uma jovem boxeadora acabou de ter tudo o que ela trabalhou e treinou roubado porque vocês [IOC] permitiram que um homem entrasse no ringue com ela”.

Atletas com Diferenças de Desenvolvimento Sexual (DSD), que são criadas como mulheres, mas possuem cromossomos XY – levando a níveis de testosterona no sangue na faixa masculina – estão atualmente autorizadas a participar de competições femininas nas Olimpíadas, destacou o The Hollywood Reporter.

Os comentários de Rowling repercutiram negativamente nas redes sociais. As publicações feitas pela autora no antigo Twitter foram visualizadas por mais de 50 milhões de pessoas desde a manhã de hoje.

Pare de espalhar informações falsas para incitar o ódio, se você quiser escrever ficção faça outro livro sobre bruxos”, escreveu um internauta. “Ela não é uma mulher trans, Joanne. Isso é parte do motivo pelo qual a transfobia é tão cancerosa. Você começa a atacar qualquer um que não se encaixe na sua imagem de mulher”, afirmou uma segunda pessoa. “Imane Khelif é cis e como muitas outras mulheres cis, ela possui níveis mais elevados de testosterona. É misógino colocar as mulheres em uma caixa como você está fazendo agora”, disse uma terceira usuária.