Explicação do filme “Tin e Tina”, novo terror que está fazendo sucesso na Netflix

Explicação do filme Tin e Tina, novo terror misturado com suspense da Netflix.

A Netflix disponibilizou na última sexta-feira (26) o terror “Tin & Tina“, que rapidamente entrou na lista dos títulos mais assistidos da plataforma de streaming atualmente. Apesar de um enredo simples, o filme tem sua complexidade ao não responder explicitamente algumas questões ao longo da narrativa. Aliás, qual a explicação para Tin e Tina matarem o cachorro da família? E afinal, os gêmeos são ou não são maus?

Contexto e explicação

Após sofrer um aborto espontâneo, perder os dois filhos que carregava e ser informada de que não poderá mais engravidar, Lola começa a questionar sua fé em Deus. Na esperança de recuperar suas crenças, ela e o marido Adolfo decidem ir a um convento para adotar duas crianças. Lá, Lola se apaixona instantaneamente por Tin e Tina, um casal de gêmeos de sete anos, e decide adotá-los como seus novos filhos.

Desde o primeiro momento na nova residência, Tin e Tina demonstram que são crianças muito religiosas que buscam seguir a risco tudo que está escrito na Bíblia. Durante um jantar, por exemplo, as crianças se mostram incomodadas após notarem que os pais não fazem um agradecimento a Deus antes de iniciarem suas refeições. Eles só ficam satisfeitos quando toda a família se mostra grata ao alimento dado pelo Senhor.

Explicação do filme Tin e Tina, novo terror que está fazendo sucesso na plataforma de streaming da Netflix.

Os comportamentos religiosos das crianças, que até então pareciam inofensivos, começam a preocupar o Lola à medida que vão se tornando mais agressivos. Em uma das cenas, quando Lola aparece tomando café da manhã com os filhos, ela é surpreendida com uma brincadeira na qual Tina aparece sufocando Tin com um saco plástico. Os dois, inclusive, pedem para que a mãe não intervenha na situação. Após tirar o saco da cabeça, Tin insinua que teve uma conversa com uma divindade e pediu para que um milagre fosse operado em Lola. Na noite do mesmo dia, eles reprisam a brincadeira, dessa vez sufocando a própria mãe, exigindo que ela fizesse um pedido à mesma divindade. Essa sequência de cenas reafirma o quanto as crianças creem em um ser superior que pode fornecer a eles tudo aquilo que eles genuinamente desejam.

No dia seguinte, em uma das cenas mais inquietantes do longa, Tin e Tina decidem dopar e abrir o cachorro da família ao meio. Eles acreditam que, se tirarem os órgãos do animal e fizerem uma oração com eles em mãos, o animal será purificado e perdoado por Deus. Na manhã seguinte, no entanto, as crianças percebem que o cachorro não acorda e resolvem comunicar aos pais sobre o incidente. Apesar de triste — para não dizer revoltante —, a cena reafirma a inocência das crianças, que genuinamente acreditaram que estavam salvando o cachorro do pecado quando, na verdade, o estavam matando.

Culpados pela morte do animal, as crianças decidem pagar uma penitência e caminham ajoelhados com talheres amarrados nos joelhos. Tin chega a questionar à Lola: “Mamãe, se rezarmos muito, o Kuki vai ressuscitar?”. A mãe os repreende e afirma: “Vocês não devem agir de acordo com a Bíblia. Vocês não podem interpretar (a palavra de Deus) ao pé da letra. A Bíblia é uma fantasia. Não existem demônios, anjos e muito menos Céu e Inferno”. Apesar do sermão, as crianças discordam de Lola e afirmam acreditar em tudo que está escrito na Bíblia, e garantem que a mãe deles um dia também acreditará. Aqui, fica evidente que por serem doutrinados durante anos no convento, nada mais é capaz de minimizar as crenças dos irmãos.

Pouco tempo depois, Lola tem um mal estar e, ao chegar no hospital, é surpreendida com a notícia de que um milagre aconteceu e ela está grávida, mesmo após ser previamente informada de que nunca mais poderia gestar uma criança. Tin e Tina ficam entusiasmados com a novidade e afirmam para a mãe que o milagre só foi concedido porque eles pediram isso a Deus. Lola, no entanto, segue cética e afirma que há uma outra explicação para ela ter conseguido engravidar novamente e garante que não há religião envolvida.

A partir daí, uma sequência de cenas perturbadora toma conta do longa. Tin e Tina tiram a vida de um amigo da escola, amarram a mãe na cama e tentam forçá-la a tomar uma bebida desconhecida e chegar a “batizar” o irmãozinho recém-nascido na piscina de casa. Acontece que, em todas essas ações, as crianças acreditam que estão fazendo o bem para os envolvidos, assim como em todas os gestos anteriormente já repreendidos pelos pais. As justificativas das crianças, no entanto, não convencem Lola e Adolfo, que decidem devolver os gêmeos para o convento.

Acontece que, após a devolução dos irmãos, o casal de pais começa a vivenciar eventos estranhos. Em uma noite atípica de tempestade, um raio atinge a residência onde Lola e Adolfo vivem e provoca um incêndio na casa, matando o patriarca instantaneamente. Lola procura desesperadamente por seu filho e percebe que ele não está no berço. Ela, então, lembra do “truque” que Tin e Tina praticavam para ver Deus e decide colocar um saco plástico na cabeça, implorando a Deus para que Ele devolva seu bebê. Misteriosamente, minutos depois, o recém-nascido aparece em seu berço, como se nunca tivesse saído dali.

A princípio, Lola acredita que os gêmeos estão por trás do incêndio, mas descobre através de uma feira que as crianças passaram a noite no convento. Lola, então, começa a acreditar que ter recuperado seu filho foi obra de um milagre divino, o que a faz se alinhar com a ideologia religiosa de Tin e Tina, concretizando o que a menina havia dito meses atrás quando mencionou que um dia Lola acreditaria no que está escrito na Bíblia.

Confira a explicação do filme Tin e Tina, novo terror que chegou à Netflix recentemente.

Com a inocência de Tin e Tina sendo provada, fica evidente que, infelizmente, os comportamentos nocivos das crianças advêm do fanatismo religioso que eles adotaram por terem crescido em um convento. Eles genuinamente não sabiam como o mundo real funcionava, o que os fizeram boas intenções por trás de atitudes criminosas, como matar um cachorro (achando que o estavam purificando) e batizar uma criança em uma piscina (acreditando que o ato de consagração transformaria o irmão em um cristão). Tin e Tina nada mais são que o reflexo de religiosos que usam a Bíblia para justificar quaisquer ações — sobretudo aquelas que ferem o próximo de diferentes maneiras.