Richard Gadd fala sobre a Martha da vida real e conta destalhes da história que inspirou “Bebê Rena”
Desde que estreou no catálogo da Netflix há exatamente duas semanas, a minissérie “Bebê Rena” tem cativado os assinantes da plataforma de streaming com uma representação intensa, angustiante e dramática de uma história real sobre um homem que é perseguido por uma stalker. Além de fascinar os espectadores com sete episódios de extrema qualidade, a produção tem também despertado a curiosidade do público sobre as verdadeiras identidades das pessoas envolvidas nessa história.
Muita gente pode se surpreender ao descobrir que “Bebê Rena” é inspirada em eventos vivenciados pelo próprio ator que protagoniza a minissérie. Isso mesmo. Além de dar vida a Donny com uma interpretação intrínseca, Richard Gadd também foi a pessoa que passou por todas as situações retratadas na produção. Apesar da escolha em se autorepresentar no audiovisual, o ator afirmou que não irá revelar a verdadeira identidade de Martha, na minissérie interpretada por Jessica Gunning, ou de quaisquer outros personagens.
“É tudo emocionalmente 100% verdadeiro. Tudo foi emprestado de casos que aconteceram comigo e de pessoas reais que conheci. Mas é claro que não se pode fazer a verdade exata, tanto por razões legais quanto artísticas. Quero dizer, há certas proteções, você não pode simplesmente copiar a vida e o nome de outra pessoa e colocá-los na televisão. E, obviamente, estávamos cientes de que alguns personagens são pessoas vulneráveis, então você não quer tornar a vida deles mais difícil. Então, você tem que mudar as coisas para se proteger e proteger outras pessoas”, contou Richard à Variety.
Questionado sobre as semelhanças físicas entre Jessica Gunning, intérprete de Martha, com a stalker da vida real, o roteirista afirmou que se preocupou mais em escalar uma atriz que conseguisse capturar a oscilação de humor da personagem com maestria.
“Bem, temos que diferenciá-las por razões legais. Mas o que eu precisava ver era a essência da pessoa, o tipo de energia, e ninguém fazia isso como Jess. Ela é fenomenal. Eu precisava ver alguém que estivesse vulnerável em um momento, irritado no seguinte, volátil, mas tão desesperado e solidário quanto. Eu precisava ver alguém que pudesse capturar uma gama completa de emoções. Quando alguém tem problemas graves de saúde mental, tende a saltar de uma emoção para outra, às vezes até muito rapidamente. E isso é muito difícil de fazer do ponto de vista da atuação, mas Jess parece ter isso nos poros, parece simplesmente sair dela”, disse o ator.
Richard confessou ainda que sentia muito empatia por sua stalker, pois entendia que ela, assim como ele, era uma pessoa fragilizada. Ele também comentou sobre a cena que marca o último encontro entre os personagens, quando os olhares deles se cruzam no tribunal.
“Às vezes, tenho um pouco de empatia exagerada. Um stalker geralmente é retratado como alguém meio malvado, mas eu sentia que havia uma pessoa vulnerável que realmente não conseguia parar, que por alguma razão acreditava na realidade que estava dentro de sua cabeça e não importava o que fizesse, nada poderia mudar. Quer dizer, é uma doença mental e eu queria retratar isso. Eu vi alguém de quem senti pena”, afirmou o roteirista de “Bebê Rena“.
Ele continuou: “Mesmo no auge das coisas, no episódio 7, quando ele está ouvindo as mensagens de voz e tudo mais, você ainda vê que ele está sentindo pena dela e se relacionando com ela, mesmo que estejamos no final da jornada e ele esteja tentando trazer ela à convicção. Na verdade, mesmo depois disso, no tribunal, quando ela é afastada, os olhares deles se fixam pela última vez e não há nada de assustador nisso. São duas pessoas quebradas. Seus olhos se encontram na sala sabendo que suas vidas não serão as mesmas novamente um sem o outro, de certa forma. Não estou dizendo que esse é o caso de todos os perseguidores, mas realmente senti com ela que havia coisas pelas quais ter empatia”.
Para a Netflix, Richard garantiu que “nenhum enredo da série foi completamente inventado”. Ele disse ainda que, ao todo, foram 41.071 e-mails, 744 tweets, 46 mensagens no Facebook e 106 páginas de cartas enviados por sua stalker, que também deixou 350 horas de mensagens de voz depois de obter seu número de telefone.
Nos eventos que se desenrolaram no último episódio da atração, Martha se declara culpada e é condenada a nove meses de prisão. Na vida real, porém, não é possível afirmar exatamente o desfecho da stalker, já que Richard não queria que a mulher fosse para a prisão com desordens psicológicas. Ao que tudo indica, o comediante recebeu apenas uma ordem de restrição contra ela, mas nenhuma informação foi confirmada oficialmente por ele.
Atualmente em primeiro lugar entre as séries mais assistidas da Netflix em dezenas de países, “Bebê Rena” está sendo aclamada pela crítica especializada, contando com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes. A minissérie também já lidera as listas de previsões das produções que devem ser indicadas ao Emmy 2024.
“Bebê Rena” está disponível na Netflix.