Final explicado de “Brinquedo”, episódio de “Black Mirror”

Os jogos sempre foram uma abordagem muito presente dentro de “Black Mirror“, seja em episódios como “Versão de Testes” e “Striking Vipers“, seja no filme interativo “Bandersnatch” lançado em 2018. Na sétima temporada da série, que estreou na última quinta-feira (10) na Netflix, a abordagem volta a ser discutida no quarto episódio da produção, intitulado “Brinquedo“.

Assim como todos os outros episódios da temporada, “Brinquedo” é uma história didática, mas que ainda não isenta o público de ficar com vários questionamentos. Afinal, o episódio alcança seu clímax nos dez minutos finais, capazes de deixar qualquer espectador inerte tentando processar tudo que foi visto. A fim de esclarecer algumas dessas questões, elaboramos aqui o final explicado de “Brinquedo“.

Contextualizando

A história começa em 1994, quando o jornalista e crítico de jogos, Cameron, recebe um convite especial de um genial e renomado programador para avaliar um projeto ultrassecreto da Tuckersoft. Intitulado de Thronglets, o jogo começa com um filhote que deve ser nutrido pelo jogador até que ele se replique e evolua naturalmente.

Final explicado de
Reprodução: Netflix.

As primeiras cenas do episódio, no entanto, se passam nos dias atuais e apresentam Cameron sendo preso após uma tentativa de roubo. Depois de ser levado à delegacia, o detento conta aos policiais toda a história sobre o jogo Thronglets e como isso o levou a cometer um assassinato — e como sua ida à delegacia foi previamente planejada.

O que são os Thronglets?

Os Thronglets, também chamados de “Bando” por Cameron, são personagens do jogo autointitulado que acabam criando consciência dentro daquele universo. Após fazer uso de determinada substância, Cameron passa a acreditar fielmente que esses personagens começaram a se comunicar com ele em uma linguagem única e desconhecida pelos demais seres humanos.

Cameron, então, passa a construir uma certa afeição pelo Bando, sentindo a necessidade de protegê-los e de ajudar os Thronglets a evoluírem. O objetivo de Cameron é trabalhar para que essas formas de vidas digitais se aprimorem a ponto de coexistirem com a humanidade — algo que teria sido pedido pelos próprios Thronglets.

O domínio da mente humana

À medida que os Thronglets iam evoluindo e desenvolvendo cada vez mais consciência, Cameron se via obrigado a comprar equipamentos mais sofisticados, pois sabia que essa era a única forma da inteligência deles continuar se expandindo.

Reprodução: Netflix.

Notando a evolução dos personagens, Cameron se mostrava cada vez mais determinado a ajudar os Thronglets a coexistirem com os seres humanos. Juntos, eles desenvolveram uma interface neurológica que permitiu que as criaturas do jogo se conectassem diretamente com a mente dele. Para isso, Cameron fez uma cirurgia caseira e instalou um plug em sua própria cabeça, que permitia que o Bando se conectasse com sua mente a fim de estudá-la.

Final explicado de “Brinquedo”

Cameron revela aos policiais que tentou roubar uma garrafa naquele dia propositalmente para que fosse levado à delegacia. Ele afirma que essa era a única forma de “entregar a mensagem” enviada pelo Bando. Para isso, ele pede que os policiais o entreguem um papel e uma caneta, pedido que é aceito após muita relutância.

É quando Cameron faz o esboço de um símbolo estranho que é escaneado pela câmera da sala de interrogatório como se fosse uma espécie de QR Code. Ao fazer isso, o detento permitiu que os Thronglets tivessem acesso ao computador do Estado, dando ao Bando uma capacidade de processamento infinitamente maior do que a que tiveram até agora.

Em resumo, os personagens do jogo se tornaram tão inteligentes que conseguiram criar um código que, após ser escaneado, permitiria que eles tiveram acesso ao computador do Estado. Após isso, a essência do Bando seria transmitida simultaneamente para todos seres humanos, permitindo que eles coexistissem. Agora, os Thronglets e os seres humanos são basicamente uma só espécie.

O que isso significa?

Muitos podem pensar que esse é mais um final trágico de “Black Mirror“. O criador da série, no entanto, disse que isso é uma questão de interpretação. Embora o sinal pareça ter sido enviado amplamente, o criador e produtor executivo de “Black Mirror” diz que deixou o final do episódio para a interpretação. “Eu queria que fosse um pouco mais ambíguo quanto a se você acha que isso é algo bom ou ruim. Nós não lhe damos muitas informações“, afirmo Brooker.

Parece que Cameron eliminou a violência das pessoas. Ele tirou a liberdade delas e manipulou todos para que fossem pacíficos e não tivessem tendências ruins. É como um regime ditatorial que ele acabou de criar, com todas essas pessoas sem noção e ouvindo os Thronglets”, completou o ator Lewis Gribben, que interpreta a versão jovem de Cameron no episódio.

Detalhes corroboram com o final explicado de
Reprodução: Netflix.

A sétima temporada de “Black Mirror” está disponível na Netflix.