Ex-dançarinas de Lizzo acusam cantora de assédio sexual, cárcere privado e trabalho hostil em processo

Três das ex-dançarinas de Lizzo acusaram a cantora de assédio sexual e criação de um ambiente de trabalho hostil em um processo aberto na semana passada no Tribunal Superior de Los Angeles, informou o NBC News nesta terça-feira (1). O processo movido por Arianna Davis, Crystal Williams e Noelle Rodriguez traz ainda alegações de assédio religioso e racial, cárcere privado, interferência em vantagens econômicas potenciais e outras alegações.

Davis contou que, no início deste ano, durante uma visita a um clube de striptease em Amsterdã, foi pressionada a tocar o corpo de artistas nus que se apresentavam no local. Segundo o relato da dançarina, ela e os demais dançarinos eram obrigados a pegarem os itens lançados pelas partes íntimas dos artistas de striptease, assim como eram coagidos a comerem as bananas que saiam de dentro das mulheres.

Após ser pressionada a tocar nos seis de uma stripper, David recusou e Lizzo imediatamente liderou um coro que incentivava a dançarina a fazer o que ela estava pedindo. Depois que Davis recusou mais três vezes, o canto ficou mais alto e estridente, exigindo que a dançarina, naquele ponto visivelmente desconfortável, se envolvesse com a stripper. Quando Davis finalmente concordou e tocou brevemente a artista, a equipe de Lizzo caiu na gargalhada, diz o processo. Na sequência, a cantora ainda teria pressionado um membro de sua equipe de segurança a subir no palco e começou a pedir para que ele tirasse as roupas.

Segundo as dançarinas, as festas após shows promovidas por Lizzo eram rotineiras e não obrigatórias, no entanto, aqueles que compareciam aos “eventos privados” eram favorecidos pela cantora e tinham maior segurança no emprego.

Elas também acusaram Lizzo — uma artista conhecida por abraçar a positividade do corpo e celebrar seu físico — de chamar a atenção para o ganho de peso de Davis após uma apresentação no festival de música South by Southwest. A cantora e seu coreógrafo teriam dito que a dançarina parecia “menos comprometida” com seu papel devido ao ganho de peso.

“A natureza impressionante de como Lizzo e sua equipe de gestão trataram seus artistas parece ir contra tudo o que Lizzo defende publicamente, enquanto em particular ela envergonha seus dançarinos e os rebaixa de maneiras que não são apenas ilegais, mas absolutamente desmoralizantes”, declarou Ron Zambrano Zambrano, advogado das vítimas.

“Os queixosos ficaram horrorizados com a pouca consideração que Lizzo demonstrou pela autonomia corporal de seus funcionários e daqueles ao seu redor, especialmente na presença de muitas pessoas que ela empregava”, diz outro trecho do processo.

Uma semana depois dos episódios em Amsterdam, após um show em Paris, Lizzo convidou seus dançarinos para um clube para que “eles pudessem aprender algo ou se inspirar na performance”. O que a cantora da trilha-sonorra de “Barbie” deixou de mencionar ao convidar os dançarinos para esta apresentação é que era um bar de cabaré nu. O processo descreveu a performance como “artística”, mas os queixosos ficaram chocados que Lizzo escondesse deles a natureza do evento, roubando-lhes a escolha de não participar.

A alegação de assédio religioso está ligada à Shirlene Quigley, a capitã do baile que trabalhou como jurada no reality show de Lizzo para a Prime Video. De acordo com o processo, ela pregou suas crenças cristãs e aproveitou todas as oportunidades para fazer proselitismo para todos e quaisquer em sua presença, independentemente de protestos.

Quigley costumava pressionar Rodriguez, a quem ela considerava “descrente”, sobre sua fé. Após os membros da equipe de Lizzo pediram para que ela parasse com o comportamento, ela apenas respondeu: “Ninguém vai me impedir de falar sobre o Senhor”.

Em meados de abril, durante uma reunião, Lizzo começou a acusar suas dançarinas de trabalharem bêbadas. Williams se manifestou contra as acusações da cantora e foi imediatamente demitida pela intérprete de “About Damn Time“, sendo a primeira a abandonar o cargo.

Irritada com suas dançarinas, Lizzo decidiu promover um novo teste com as profissionais há anos contratadas, alegando que se ficasse insatisfeita com as apresentações das profissionais, iria demiti-las. Davis relatou no processo que, durante o ensaio, estava com tanto medo de perder o emprego se fosse ao banheiro que sujou suas calças. Ela recebeu uma roupa transparente sem calcinha para terminar a apresentação. Após Lizzo descobrir que ela teria gravado a reunião da qual Williams foi demitida, Davis também foi desligada das atividades como dançarina.

Rodriguez contestou as decisões de Lizzo em demitir suas colegas de trabalho, afirmou que estava se sentindo “desrespeitada” e renunciou do cargo. Quando Rodriguez deixou o espaço, a cantora levantou os dois dedos do meio e gritou uma calúnia contra a dançarina.

O processo não especifica um valor em dólares para danos que cobrem sofrimento emocional, incluindo salários não pagos, perda de rendimentos e honorários advocatícios.

Enquanto isso, Lizzo continua a inspirar os fãs. Em um clipe recente que circula nas redes sociais, a cantora pode ser vista contando a uma jovem que assistia a um show na Austrália como ela é linda e especial – e como ela “poderia ser a maior dançarina do mundo”. Irônico, não é?